o amor e a falta de amor na igreja


A Igreja de Jesus Cristo é uma comunidade fundada no amor.

O inigualável, indescritível e imensurável amor de Deus providenciaram a salvação do homem. O amor de Jesus Cristo, entregando-se no Calvário, deu sentido ao sacrifício todo-suficiente, que nos livra do pecado e de suas conseqüências trágicas e danosas, e nos restaura à comunhão com Deus. Eis o primeiro fundamento necessário à existência da Igreja.
A Igreja fundamenta-se também no amor do crente para com Deus. Jesus disse estas palavras, quando respondia uma pergunta sobre o grande mandamento (Mt 22.37). Num dos últimos encontros com seus discípulos, já após a ressurreição, Jesus colocou o amor como condição básica para o ministério de seus servos ao mundo: “Amas-me?... Pastoreia as minhas ovelhas” (João 21.16).
Além do amor de Deus, a Igreja existe em função do amor dos crentes, uns para com os outros. A necessidade de amor mútuo constitui freqüente recomendação aos crentes das igrejas primitivas, nas epístolas do Novo testamento. Tais recomendações aplicam-se igualmente, sem dúvida alguma, às condições de nossas igrejas nos dias atuais.

O AMOR NA IGREJA PRIMITIVA
O livro de Atos dos Apóstolos oferece-nos registros breves, mas reveladores da comunhão fraternal na igreja primitiva. O liame dessa fraternidade era o amor. Os crentes “estavam unidos e tinham tudo em comum” (Atos 2.44,45).
Não havia na igreja primitiva um regime comunista, pois ninguém era forçado a ceder seus bens para distribuição entre os pobres. Os crentes proprietários não sofriam o confisco de suas riquezas. O amor de uns para com outros, isso sim, movia os cristãos a dividirem suas posses com os mais necessitados.
Nas epístolas, Paulo testemunha do amor existente nas igrejas de seu tempo. Os crentes de Macedônia e Acaia, responderam positivamente, e de imediato, ao apelo de socorro aos irmãos da Judéia. Por outro lado, os crentes da Judéia, beneficiados pelo amor e liberdade dos de Macedônia e Acaia, demonstram “ardente afeto” por eles (II Co 9.14).
Paulo não cessava de dar graças a Deus pelo amor dos efésios “para com todos os santos” (Ef. 1.15,16). Ele sentia-se profundamente tocado com a participação dos filipenses nos seus sofrimentos. Eles se identificaram com o pregador, porque um profundo amor foi gerado em seus corações. E o apóstolo quer mais: “Que o vosso amor aumente mais e mais” Os colossenses também experimentavam “amor para com todos os santos” (Cl 1.4).
Poderíamos multiplicar citações e referências bíblicas que mostram as igrejas dos tempos apostólicos como comunidades onde se respirava um ambiente de amor. Bastam-nos, entretanto, para este estudo, as que mencionamos. E sirvam-nos esses exemplos.
FALTA DE AMOR NA IGREJA PRIMITIVA
Não havia apenas amor na igreja apostólica.
Por vezes, somos assaltados por um complexo de inferioridade, quando comparamos nossas igrejas com as dos tempos neo-testamentários, e imaginamos as igrejas do primeiro século como comunidades perfeitas em santidade e amor. É bom lembrar, para nosso consolo, que os crentes das igrejas daqueles tempos eram homens e mulheres como nós, sujeitos às mesmas paixões e falhas, e aos mesmos pecados. Havia amor, mas existia também falta de amor, insinceridade, orgulho, vaidade.
Eis alguns exemplos:
1- Ananias e Safira não agiram com sinceridade e amor, quando tentaram imitar a Barnabé. Por isso receberam duro castigo (Atos 5.1-10).
2- Houve necessidade de serem escolhidos sete homens para servirem às mesas (Atos 6.1-6), porque aconteciam irregularidades e preferências indevidas no serviço de beneficência da Igreja em Jerusalém.
3- Paulo entristeceu-se com a falta de amor na Igreja de Corinto, que enfrentava problemas relacionados com sérias dissensões (I Co 1).
4- Na carta aos Gálatas, o apóstolo usa uma linguagem dura, jamais dirigida a pessoas que se amam realmente (Gl 5.15).
5- Paulo reclamou daqueles que o abandonaram, com referência especial a Alexandre, o latoeiro, que lhe “fez muito mal” (II Tm 4.14).
6- O escritor da Carta aos Hebreus sente necessidade de apelar à consideração entre os irmãos no amor, e às boas obras (Hb 10.14).
7- João, na sua Terceira Carta, refere-se em tom de lamento a Diótrofes, que se servia de uma posição elevada para exercer uma influência maléfica entre os crentes (vv. 8,10).
É POSSÍVEL AMAR
Havia crentes na igreja primitiva que agiam com insinceridade, hipocrisia e maldade. Mas a ausência de amor por parte de alguns não impedia que muitos buscassem a vontade de Deus, e se esforçassem para a existência de um ambiente de amor e comunhão fraternal na igreja.
Por outro lado, o fato de muitos hoje não darem sua colaboração pessoal e espiritual, para que as igrejas se tornem comunidades de amor, não invalida nosso anseio e nosso esforço, nem significa que seja impossível o amor entre nós. O amor é possível. É possível amar.
Muita gente imagina o amor como um sentimento involuntário, fora de nosso controle pessoal. Para tal gente, o amor aparece ou desaparece, de maneira independente de nossa vontade. Alguns chegam a dizer: “Meu coração não pede para eu amar.” Acontece, porém, que Jesus mandou amar até os inimigos. E Ele deu tal mandamento porque é possível aprender a amar, é possível cultivar e desenvolver amor.
Jesus aponta a unidade dos crentes, unidade que se forma através do amor mútuo, como um sinal que corrobora a pregação do evangelho da graça (João 17.21,23).
O amor entre os crentes, o ambiente de legitima comunhão fraternal nas igrejas, uma identificação dos filhos de Deus nas alegrias e tristezas, nos sofrimentos e vitórias, uns dos outros em poderosa mensagem que os cristãos pregam ao mundo a respeito de Deus o Pai, e de seu Filho, Jesus Cristo.

Pr.Omar Bianchi

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